terça-feira, 30 de março de 2010

Geoengenharia pode ajudar a reduzir as emissões:


Colocar milhões de espelhos em órbita para refletir os raios solares para fora da terra, ou soltar no mar barcos que borrifariam névoa no ar, criando mais nuvens estariam entre as sugestões.

A perspectiva de um cenário catastrófico levou 193 países a se reunirem em Copenhague para discutir as mudanças climáticas. E é para evitá-lo também que uma revolução científica está em curso em laboratórios do mundo todo.
Os cientistas estão imaginando, projetando e experimentando centenas de propostas para salvar o planeta.

Algumas ideias são simples. Como a de pintar as cidades de branco para refletir a luz solar. O princípio é o mesmo dos mantos de gelo da Antártica, do Ártico, da Groenlandia, que hoje fazem essa função. Mas esse gelo todo não para de se transformar em água – que, em vez de refletir, absorve o calor. Para compensar, o futuro pode ser um mundo pintado de branco. Refrescaria, mas não o suficiente.

O fenômeno do aquecimento global é complexo e, se não conseguirmos reduzir as emissões de gases do efeito estufa, soluções mais engenhosas serão necessárias. É aí que entra a geoengenharia, com suas propostas mirabolantes, com cara de filme futurista, mas todas baseadas em ciência séria.

Colocar milhões de espelhos em órbita para refletir os raios solares para fora da terra é um exemplo. Ou soltar no mar barcos que borrifariam névoa no ar, criando mais nuvens. Ou ainda simular a ação de vulcões com canhões lançadores de bombas de enxofre. Vulcões em erupção expelem milhões de toneladas de partículas de enxofre que formam uma espécie de tela que filtra o sol. Grandes erupções vulcânicas já foram responsáveis pela redução de mais de 0,5º C, na temperatura global.

Dois cientistas, dois amigos, que trabalham nesta biosfera, nos Estados Unidos - partem da seguinte natureza: se árvores absorvem carbono, por que não criar árvores artificiais? Há anos eles buscam a fórmula ideal. Já tentaram vários estratagemas. Agora, finalmente consideram ter encontrado o que queriam: um plástico que, quando seco, puxa gás carbônico do ar. E, quando umedecido, o libera em um depósito permanente.

A descoberta dessa fórmula os animou a deixar os modelos experimentais e montar a primeira árvore sintética em tamanho natural. Em alguns anos, ela estará absorvendo mais CO2 do que uma árvore real. E, em breve, segundo seus criadores, será replicada pelas paisagens.

A árvore de mentira ajudaria a resolver uma parte do problema: o excesso de CO2. Mas para um outro gás causador do efeito estufa, o metano, a solução parece mais difícil.

Animais ruminantes, como o boi e a vaca, arrotam muito e, ao fazer isso, soltam uma quantidade enorme de gás metano, que é 20 vezes mais danoso para o efeito estufa do que o CO2. São bilhões de cabeças de gado no mundo, e os cientistas estudam remédios para aliviar o arroto que, somado, provoca grande estrago. Mas, mesmo que dê certo, isso resolveria apenas parte do dano provocado pela pecuária. E como pouca gente no mundo está disposta a deixar de comer carne, uma solução radical está sendo tentada.

A Universidade Ocidental da Austrália trabalha no desenvolvimento do que deverá ser a primeira carne artificial do mundo. Veja em vídeo um pedaço de carne que foi criado a partir de células de músculo de um carneirinho. As células foram cultivadas em uma solução de plasma de sangue animal. E depois colocadas em uma máquina que gira constantemente para que a carne cresça em três dimensões.

Agora, os cientistas estão quebrando a cabeça para dar alguma textura à carne. Para que ela fique um pouco mais parecida com um músculo de verdade. Quanto ao gosto, por enquanto ela não é legalmente considerada comida. E, portanto, não pode ser comida. Assim, o sabor da carne artificial deve permanecer um mistério por um bom tempo.

Tudo isso pode ser o futuro se o mundo não chegar a um acordo agora e começar a reduzir as emissões dos gases que causam o efeito estufa das maneiras que já conhece. Mas o futuro também pode ser sem ficção científica e sem excesso de CO2.

Nos Emirados Árabes, os trabalhos já começaram para a construção da primeira cidade com emissão zero de gás carbônico: Masdar.

Uma ecocidade na qual, já a partir de 2016, 50 mil pessoas vão morar e trabalhar. Toda a tecnologia planejada para Masdar já existe e poderia ser posta em prática em muitas outras cidades. Desde que haja vontade e dinheiro para isso.

Reportagem: Jeniffer Silva
Foto: Photoshop Alexandra Nunes

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