Reserva Ambiental de Nova Iguaçu

Reportagem: Ana Paula Braga


 O território de Nova Iguaçu abriga 35% de floresta do tipo Mata Atlântica. Dentro desta área estão contidas duas grandes áreas de preservação ambiental: Reserva Biológica do Tinguá, criada em 1989 e a APA(área de proteção ambiental) localizada na Serra de Madureira, também conhecida como Parque Municipal de Nova Iguaçu.

 A Reserva Biológica do Tinguá tem 26 mil hectares abrange seis municípios, sendo a maior parte dentro do município de Nova Iguaçu e está localizado entre a Zona Metropolitana e a Região Serrana do estado. Em 1997 a reserva foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco e está incluída na reserva da biosfera da Mata Atlântica.

 A reserva possui mata atlântica preservada, rios, cachoeiras, corredeiras, piscinas naturais e ruínas séculos XVIII e XIX. Pode-se usufruir das belezas naturais contidas dentro da reserva como: Caminhadas nas trilhas da mata (há guias disponíveis), banhos nas cachoeiras, tour histórico pelas ruínas, tour rural e cultural no entorno (Estrada Real do Comércio, Estação Ferroviária de Tinguá, Fazenda São Bernardino, Igreja de Nossa Senhora da Piedade do Iguassú e porto da Vila de Iguaçu).

 O Parque Municipal de Nova Iguaçu tem 1.110 hectares, localizados no Maciço do Gericinó, entre as Serras de Madureira e do Mendanha. Dentro deste parque há uma cratera de vulcão extinto, considerado um dos mais bem preservados vestígios de cratera no Brasil. Por esse vulcão dá se inicio a uma trilha. O Parque foi fundado em 1998 e preserva fauna e flora variados. Nele reside trilhas, lagos naturais, mirantes com belas vistas, a cachoeira Véu da Noiva e o Rio da Cachoeira, um dos mais considerados da região. E o casarão destinado ao Centro de Visitantes o qual foi sede da fazenda no século XIX e é considerado o prédio mais antigo da Baixada Fluminense, ainda de pé.


Fazenda São Bernadino

                                                   

 A Serra do Vulcão, como ficou popularmente conhecida a Serra de Madureira, é uma exelente pedida para aqueles que praticam esportes radicais. Possui diversos tipos de trilha e atrai adeptos do trekking e esportes radicais. A 800m de altura existe uma rampa para a pratica de parapente e asa delta no qual já foram disputados campeonatos estaduais de vôo livre (super race). No final da década de 70 os geólogos André Calixto e Victor de Carvalho descobriram o primeiro - e, há quem diga, o único - vulcão brasileiro. Localizado em N. Iguaçu, no Maciço de Gericinó, ele está extinto há cerca de 40 milhões de anos. Segundo os pesquisadores, sua boca tinha 1,5km, sua altura era de 300 metros, e, em erupção, o vulcão lançava rochas incandescentes de até duas toneladas. Porém, de acordo com pesquisas recentes, conforme a definição vulcanológica, um vulcão extinto deve ter a elevação morfológica formada por erupções vulcânicas preservado até o presente.

Não existe o Vulcão de Nova Iguaçu

 Em contrapartida da expressão “vulcão” usada acima, as pesquisas científicas recentes, tais como Motoki & Sichel (2006) e Motoki et al. (2007a; b; c), revelaram a inexistência da cratera, edifício vulcânico, bomba vulcânica, fluxo piroclástico e lava. Diante os novos estudos publicados em periódicos científicos, não houve contestações dos cientistas que apoiavam a hipótese do vulcão. Não existe o Vulcão de Nova Iguaçu, este é a resposta da ciência atual. Por outro lado, certos grupos de promoção turística e determinados jornalistas têm dificuldade de aceitar esta conclusão geológica. O mito do vulcão ainda continua.


Imagem do "vulcão" de Nova Iguaçu

 O turismo ambiental vem crescendo significativamente nas ultimas décadas, principalmente, porque, cada vez mais se fala em sustentabilidade ambiental, cuidados com a natureza, reciclagem, enfim, tudo que é relacionado a ecologia e voltado para o bem estar natural, vem ganhado grande destaque nas páginas de revistas, sites, jornais, tv, rádios e até mesmo em capas de revistas cosméticas tem se aberto uma grande publicidade para este assunto. Por conta disso, a busca por turismo ecológico vem aumentando. As pessoas sentem-se inclinadas a curtir e a apreciar o que a natureza tem de melhor a oferecer. A sensação de liberdade, de proximidade com a natureza e a tranqüilidade, são um dos sentimentos proporcionados a aqueles que procuram este tipo de atração. Entrevistado por min, Rodrigo, um turista que já teve o privilégio de usufruir as maravilhas das matas de Nova Iguaçu, falou um pouquinho da sensação de vivenciar os encantos deste paraíso ecológico.


 Caminhada na Pedra da Contenda em Nova Iguaçu

 Segundo Rodrigo, o Parque Municipal de Nova Iguaçu deveria ser mais divulgado, tanto na mídia bem como entre os moradores de Nova Iguaçu e outras cidades próximas. Isso porque muitas pessoas desconhecem esse bem natural que possuem tão perto de suas casas ou até conhecem, mas não sabem que esta aberto a visitação. Porém, antes dessa divulgação ou paralelamente a ela, deveria ser feito um trabalho de conscientização junto à população, empresas, comércios do entorno do parque, sobre a importância de preservar a mesma. Pois só assim poderia haver um melhor aproveitamento do local, sem, no entanto, prejudicar a fauna e flora local. Rodrigo também indagou a falta de educação e a desconsideração das autoridades em relação à preservação do ambiente. Disse, ter encontrado lixo espalhado (garrafas de água, refrigerante, biscoito, sacos plásticos, maços de cigarro e até camisinha). Isso mostra o descaso da população ou até mesmo um desconhecimento sobre a importância da preservação ambiental. Contou ter recolhido junto com a equipe de turismo que viajava, parte do lixo que se encontrava no local, mas isso resolveu apenas parcialmente o problema, pois ele continuava a ocorrer dia após dia. Não adianta haver conscientização sem que os meios para essa preservação (colocação de lixeiras ao longo do parque e coleta regular desse lixo). Ou seja, não dá para educar e esperar que a população resolva todo o problema sozinha. Tem que haver uma parceria, nesse sentido. Afirmou Rodrigo. Em contrapartida, o turista diz estar feliz com a fauna e a flora existente na localidade, que são realmente impactantes e diz ter sido interessante conhecer as ruínas de antigas construções subsistentes no local, como a sede da Fazenda Dona Eugênia, que data do século XIX, o antigo cassino, etc. Tudo pertencente a história de Nova Iguaçu e de seus moradores, uma história que muitos não conhecem.



Mico - Uma das faunas existentes no local.

                                   


 O viajante também evidenciou os benefícios de estar em contato com a natureza em troca da vida urbana agitada. Afirmou que qualquer lugar em que possamos estar conectados à natureza é um ótimo meio para esquecer os problemas do dia-a-dia. A sensação de paz encontrada lá é realmente gratificante. “As pessoas estão tão acostumadas a um ritmo acelerado de trabalhos, estudos que se esquecem de suas origens. Então, quando vamos a um local como esse, paramos por um momento e apenas ouvimos e observamos a natureza ao nosso redor – o canto dos pássaros, o barulho da água, o balanço das árvores – percebemos que somos todos parte disso.” Declarou Rodrigo Freitas, turista da Reserva Ambiental de Nova Iguaçu.


Cachoeira Véu da Noiva

                                         

 A divulgação do Parque Natural de Nova Iguaçu deveria ganhar mais notoriedade por parte das autoridades da cidade de Nova Iguaçu. Porém, de acordo com noticias recente do site R7, a antiga estação ferroviária de Tinguá, agora reformada, se tornou sede da APA (Área de Proteção Ambiental) da região. Logo após a sede, será inaugurado o Horto-Escola da Reserva Ambiental dos Petroleiros, uma área ecológica que será aberto à visitação pública ordenada. Ela irá produzir mudas da mata atlântica para colaborar no reflorestamente local, além de gerar renda para moradores da região. Para o benefício da economia local e para a preservação da fauna e flora existentes na região.


2° Entrevista - Vitor Vianna – guia turístico da Reserva Ambiental de Nova Iguaçu.

 O guia turístico da Reserva Ambiental de Nova Iguaçu, Vitor Vianna, diz que dentro do turismo, o setor que mais cresce no mundo, é o de aventura. Ele ressalta que isso se deve a grande exaustão das pessoas em suas longas jornadas de trabalho. “Infelizmente as pessoas em todo mundo andam muito estressadas, e o turismo de aventura acaba se tornando a "vávula de escape" para todos em seus finais de semanas. Já recebi muitos depoimentos de clientes dizendo que graças aos trabalhos turísticos que realizamos, eles melhoraram sua qualidade de vida, e deixaram de se dedicar 100% ao seu trabalho, e encontrando um momento de lazer e descontração.”


Instrução de Voo Livre

                                                   


 Segundo Vitor, no Parque Natural, também encontra-se espécies naturais em extinção e plantas que se quer foram catalogadas. Recentemente quatro tipos de pássaros considerados extintos foram descobertos na região. Estudantes, turistas e pesquisadores são frequentadores assíduos da reserva, dedicam o seu tempo para descobrir novas espécies animais e vegetais.

 Em relatos no site da Secretaria de Meio Ambiente de Nova Iguaçu, mais de 15 mil espécies de mudas da mata atlântica foram plantadas no parque com a ajuda da população e dos ambientalistas. Para Vitor, as pessoas estão preocupadas com a questão ambiental. Em 2007, a equipe de turismo na qual ele trabalha, convocaram 200 voluntários para realizar o maior reflorestamento do mundo! Cada voluntário recebeu 50 mudas, totalizando 10.000 plantadas em menos de 6 horas.


Represa Epaminondas

                                         

 Perguntado sobre o impacto que a reserva tem trago para o município de Nova Iguaçu, envolvendo as questões econômicas, sociais, culturais e ecológicas, o guia turístico disse que o parque é pouco divulgado e que sua equipe conseguiu fazer a divulgação de forma positiva para todo o estado do Rio de Janeiro, através dos eventos que são sempre destaque em jornais impressos e televisivos. “Mas para se ter uma noção, mais de 65% dos visitantes do Parque são de Mesquita, e somente 20% de NI, o restante são de outras cidades vizinhas. Ou seja, a própria população da própria cidade ainda não tomou conhecimento do local. No entanto, através da novela da rede Record “Chamas da vida”, contribuiu para o reconhecimento do parque, localizado no bairro de Tinguá. Isso foi ótimo para o bairro e para a cidade de NI, afinal, todos passaram a tomar conhecimento, em rede nacional, que Nova Iguaçu existe, e melhor, que tem muito coisa bonita para se conhecer.”

 Para finalizar a entrevista, perguntei a Vitor Vianna que conselho ele deixa para a sociedade, isto contando com políticos e autoridades em geral, no que diz respeito aos cuidados com o meio ambiente. Ele fez um pedido: “Peço mais atenção de todos, não só de políticos, mas de toda população para as questões ambientais. Quando digo isso, não me trato somente de cuidado em áreas verdes, mas o simples gesto de jogar lixo nas ruas, de não cuidar do que é realmente nosso e que ficará de herança para as outras gerações.”


 Imagens de esportes radicais da Reserva Ambiental de Nova   Iguaçu.



                                          Rapel na Antiga Pedreira

                                          Rampa do Voo Livre

                                          Voo livre

                                          Asa delta

Fotos: Assessoria do Parque de Nova Iguaçú

Links relacionados: http://www.youtube.com/watch?v=C36xKKDebGs
http://www.youtube.com/watch?v=elYvRDws4y8

http://www.panoramio.com/photo/18115013

http://www.aventureirosni.tur.br/

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